Professores de Português também querem flexibilidade nos programas do secundário
Ministério da Educação diz que "nada ainda está em
curso" nesse sentido.
Os
professores de Português defendem que os programas da disciplina no ensino
secundário devem ser corrigidos para dar maior liberdade ao docente e adequar a
matéria ao tempo de aulas previstas na carga lectiva.
"Chegámos
à conclusão que o programa não era exequível. É de tal forma extenso que não o
conseguimos cumprir", disse à agência Lusa a presidente da Associação de
Professores de Português (APP), ao comentar o programa do 10.º ano, que entrou
em vigor no ano passado.
Edviges
Antunes Ferreira sublinhou que o número de aulas previstas para o programa é
"três ou quatro vezes superior" às que estão previstas na carga
lectiva para a disciplina.
"Este
é um programa só de literatura. Não há tempo para algo fora do texto literário.
Temos um cânone que espartilha o professor", lamentou.
Só
com literatura, frisou, o aluno "não se prepara para ter uma perspectiva
crítica" sobre outras questões.
Também
a presidente da Associação Nacional de Professores de Português (ANPROPORT)
admitiu que no 10.º ano alguns objectivos "não foram alcançados".
"Em
algumas escolas não foi assim tão fácil. Deixaram conteúdos para o 11.º
ano", afirmou Rosário Andorinha.
Para
a responsável pela ANPROPORT, devem ser feitos ajustes, com uma reavaliação de
todos os programas.
"Há
uma necessidade de fazer reajustes, saber o que correu mal em cada
escola", indicou, acrescentando: "Somos defensores deste programa,
mas sem fundamentalismos".
Rosário
Andorinha defendeu que o êxito passa também por "um grande trabalho de
planificação" por parte do docente.
"Recusamos
totalmente a mudança por mudar. É preciso conhecer os factos primeiro",
sublinhou.
Edviges
Ferreira antecipou, por seu lado, que o programa do 12.º ano -- que entrará em
vigor no ano lectivo 2017 - 2018) deveria ser "corrigido antes de os
livros serem feitos.
"Temo
que possa acontecer com o 12.º ano o que aconteceu com as provas de aferição do
8.º ano, que foi um desastre", declarou.
Sobre
o programa do 11.º ano, prestes a iniciar-se, afirmou que por vezes não leva os
alunos a ler a obra completa: "Dizem os capítulos que devemos ler com os
alunos".
"Os
Maias" ou "A Ilustre Casa de Ramires" são obras obrigatórias,
quando em anos anteriores os professores podiam escolher entre outros livros de
Eça de Queiroz, referiu.
Em
Cesário Verde, por exemplo, "a temática da mulher desaparece".
"Dão-nos
uma lista de poemas e só podemos leccionar aqueles. Mesmo que queiramos ir mais
longe, não há tempo", desabafou.
De
acordo com a professora, em 2017-18 sairá do programa do 12.º ano o livro
"Memorial do Convento" e entrará "O Ano da Morte de Ricardo
Reis", de José Saramago.
"Mas
depois de dois anos os professores já podem escolher outra obra. Porquê dois
anos?, não confiam nos professores para conhecerem outros livros logo de início",
questionou.
"Sentimos
absoluta necessidade de reajustes para maior liberdade ao professor, retirar
este ou aquele conteúdo", sustentou. No fundo, permitir que o docente
"não esteja obcecado em cumprir cento e tal metas para cada aluno".
À
semelhança do que aconteceu com os programas e metas de matemática no ensino
básico e secundário, os professores de Português gostariam de ver alguma
flexibilização na gestão das matérias que têm de leccionar.
Porém,
contactada pela Lusa, fonte do Ministério da Educação afirmou que, neste
momento, "nada ainda está em curso" nesse sentido.
In Público/Lusa. Adriano Miranda. 1 Setembro 2016.
In Público/Lusa. Adriano Miranda. 1 Setembro 2016.
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quinta-feira, 1 de setembro de 2016
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