Seis ideias para a terrível tarefa de escolher os lanches escolares
As comparações que as crianças fazem entre si
relativamente aos seus lanches é permanente e a pressão dos anúncios é muitas
vezes arrebatadora, pelo que é importante encontrar estratégias
O ano lectivo está a
começar e a azáfama para escolher as mochilas, estojos, cadernos, lápis e afins
parece não acabar. Também a escolha das actividades extra-curriculares ocupa
grande parte das discussões dos pais nesta altura do ano, mas não é sobre
nenhum desses temas que me vou debruçar.
Apesar de poder parecer, à
partida, uma escolha “menor”, decidi escrever sobre um dos grandes problemas
que temos em relação à saúde alimentar das crianças: os lanches escolares!
Actualmente as ofertas são
vastíssimas, mas nem sempre isso se reflecte na qualidade dos produtos
escolhidos. As comparações que as crianças fazem entre si relativamente aos
seus lanches é permanente e a pressão dos anúncios é muitas vezes arrebatadora,
pelo que é importante encontrar estratégias que permitam combater um pouco
essas realidades. Por esse motivo, faz sentido parar e pensar de que forma
podemos tomar melhores decisões e, assim, melhorar a saúde das nossas crianças.
Assim, aqui ficam alguns conselhos:
1 – Variar
Os lanches devem ser
variados, de forma a tornarem-se interessantes. Opções monótonas vão ser menos
toleradas e rapidamente começam a ser postas em causa pelas crianças. É
importante variar sabores, texturas e cores, para que não haja a sensação de
“estar sempre a comer o mesmo”.
2 – Escolher alimentos saudáveis
Esta é a tarefa mais
difícil, porque geralmente colide um pouco com os interesses das crianças.
Apesar de tudo, há várias opções que podem ser equacionadas, nomeadamente
leite, iogurte, pão e fruta, que podem ser conjugados de diferentes maneiras,
de forma a tentar variar o mais possível. Sempre que a opção passa pelo pão,
deve-se tentar envolver as crianças na escolha do que se coloca dentro, para
tentar também ir de encontro às suas preferências (dentro do possível e
aceitável…). Todos os alimentos muito doces ou muito salgados (sumos, bolos,
batatas fritas, snacks, pizzas, …) são más opções e devem claramente ser
evitados.
3 – Permitir ocasionalmente o acesso a alimentos menos
saudáveis
Este aspecto é um pouco
controverso mas faz algum sentido, uma vez que o contacto com esse tipo de
alimentos é praticamente inevitável. A opção deve passar por controlar esses
momentos, pois só assim é possível gerir a vontade das crianças com algum bom senso.
A periodicidade com que o fazem pode ser fixa ou variável e vai depender de
inúmeros factores, nomeadamente o estado de saúde e peso da criança, bem como
da vontade e disponibilidade dos pais. No entanto, a regra deve ser comer
saudável, ficando a excepção para um ou outro “pecado alimentar”.
4 – Planear o lanche de véspera
A preparação do lanche não
deve ser algo que se faz apenas “porque tem que ser”. Sempre que possível deve
ser planeado na véspera, de forma a poder ser pensado e se levar em
consideração os aspectos enumerados anteriormente.
5 – Dar o exemplo
O principal motor de
aprendizagem das crianças é a imitação e os principais modelos são os pais.
Essa é uma verdade inegável e, por esse motivo, os pais têm sempre que dar o
exemplo, em todos os momentos do dia-a-dia. Na alimentação passa-se exactamente
isso, pelo que as escolhas saudáveis e equilibradas devem começar em casa e em
família.
6 – Escolher lanches práticos
A carga horaria das
crianças é muito grande e o tempo para brincar demasiado reduzido (aliás, esse
é um tema que, só por si, dava um texto inteiro…). Por esse facto, devemos
tentar que os lanches sejam práticos e rápidos de comer, devendo evitar-se
embalagens e/ou lancheiras difíceis de abrir e arrumar. Pode não parecer um
aspecto muito importante, mas para as crianças é fundamental!
Por fim, gostaria de deixar
uma sugestão para as nossas escolas. Eu sei que é muito difícil, mas os lanches
escolares deveriam ser uniformizados, para evitar diferenças grandes entre os
alunos. Esta poderia ser uma decisão da escola ou da associação de pais, mas
deveria ser encarada de forma séria. As crianças comparam o que comem e,
obviamente, se houver uma criança que leve um bolo para a escola (por exemplo),
vai ser muito mais apelativo para os outros, que vão também querer comer um
lanche igual. O problema é que, para além de ser apelativo, é um comportamento
claramente desestabilizador, mas que espelha bem a realidade que se vive no
dia-a-dia das nossas escolas. E, infelizmente, em muitos locais serão mais as
crianças que levam lanches pouco adequados do que opções saudáveis...
in Visão. Hugo Rodrigues. 13 Agosto 2016.
Marcadores: Aprende Mais; Explicações; Lanches escolares
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