Número de estrangeiros que fazem um curso superior em Portugal aumenta 18%
No
ano lectivo de 2014/2015, 5 mil estrangeiros completaram um curso superior em
Portugal, a maioria brasileiros e espanhóis. Entre os portugueses, são os
estudantes de doutoramento os que mais saem do país.
Quase 5000 alunos estrangeiros
completaram os seus cursos superiores em Portugal no ano lectivo 2014/15,
revelam os resultados preliminares do Registo de Alunos Inscritos e Diplomados
do Ensino Superior (RAIDES), divulgados esta semana. Este número representa um
crescimento de 18% face ao ano lectivo anterior (3968 estrangeiros licenciados)
e confirma a maior capacidade de atracção de estudantes internacionais pelo
sector. Os brasileiros e os espanhóis são os que mais procuram as instituições
de ensino nacionais.
De acordo com as estatísticas
publicadas pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC),
houve no ano passado 4839 diplomas emitidos pelos estabelecimentos de ensino
superior portugueses a estudantes que tinham realizado o ensino secundário no
estrangeiro, o que representa 5,1 % do total de alunos que completaram os seus
cursos superiores em 2014/15 (ver caixa).
O aumento no número de alunos
estrangeiros que fazem um curso superior em Portugal verificou-se sobretudo no
ensino universitário privado (34,2% do total de diplomados internacionais) e
nos politécnicos públicos (19,5%). Este resultado é a consequência “da
estratégia que tem vindo a ser seguida pelos institutos politécnicos no sentido
da valorização da sua internacionalização”, sublinha ao PÚBLICO fonte do
Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP).
Desde a aprovação do Estatuto do
Estudante Internacional, há dois anos, que as universidades e politécnicos
públicos têm reforçado a sua estratégia de atração de alunos estrangeiros. No
entanto, estes números do RAIDES reflectem uma realidade que é anterior à
entrada em vigor daquele diploma. Os alunos formados em 2014/15 terão
obrigatoriamente que ter entrado no ensino superior pelo menos três anos antes.
O reitor da Universidade de Aveiro, Manuel Assunção, defende que o trabalho de
divulgação das instituições de ensino portuguesas junto dos estudantes
estrangeiros “vinha de trás”. “Há muito que as universidades tinham ganho sensibilidade
para este tema”, defende aquele responsável, que coordena o grupo de trabalho
sobre internacionalização dentro do Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas (CRUP).
Instituições presentes em feiras internacionais
Desde há uma década que as
instituições de ensino superior nacionais têm estado sistematicamente presentes
em feiras internacionais de qualificações e mantido estratégias individuais de
divulgação da sua oferta formativa junto de diferentes mercados. A prática que
começou a ser seguida pelas maiores universidades está hoje generalizada. A
presença regular das principais universidades nacionais nos rankings
internacionais do sector “também ajuda a consolidar a ideia de que Portugal é
uma mais-valia como destino para estudar”, considera Manuel Assunção.
Estes números dizem respeito
apenas aos alunos que fazem toda a sua formação superior (licenciatura,
mestrado ou doutoramento) em Portugal, não incluindo os que passam períodos de
mobilidade parcial como os que estão integrados no programa Erasmus e outras
iniciativas de intercâmbio. No último ano lectivo havia quase 34 mil estudantes
estrangeiros inscritos no ensino superior nacional, significando um crescimento de 74% nos últimos cinco anos.
As universidades e politécnicos
públicos vão agora reforçar o seu trabalho de promoção do país enquanto destino
para estudar, tendo tanto o CRUP como o CCISP conseguido, recentemente, um
financiamento por fundos comunitários para apoiar as suas estratégias de
internacionalização. Ambos
os subsectores vão criar marcas próprias para facilitar a sua divulgação e
reforçar a presença em feiras internacionais e
eventos de divulgação.
Lisboa e Norte com mais licenciados
A nível regional, os diplomados
em mobilidade internacional concentraram-se na Área Metropolitana de Lisboa
(42,5%) e no Norte (28,7%), em linha com a distribuição da própria rede de
ensino superior nacional, que se concentra à volta das duas maiores cidades do
país. Os números do RAIDES mostram que os brasileiros e os espanhóis são os que
mais procuram as instituições nacionais. De acordo com os dados oficiais, 35,2%
dos diplomados em mobilidade internacional tinham feito o ensino secundário no
Brasil, ao passo que os alunos vindos de Espanha representam 31% de todos os
diplomados que chegam de países da União Europeia para Portugal.
Espanha é também o principal
destino para os estudantes portugueses que saem do país durante o seu curso
superior. De acordo com o RAIDES 2014/15, 15,4% dos estudantes que fazem parte
da formação em mobilidade escolhem o país vizinho. As outras preferências são
Itália (11%) e Polónia (10,7%).
As estatísticas da DGEEC mostram
que o número de estudantes diplomados em Portugal que fizeram uma parte dos
seus cursos no estrangeiro também cresceu no último ano 2%. Em 2014/15, 5.104
diplomados (5,4% do total de diplomados) tiveram durante o seu percurso
académico uma experiência em mobilidade internacional.
É entre os estudantes portugueses
que concluíram um doutoramento que a procura por uma experiência de mobilidade
internacional é mais acentuada, com 17,6% dos alunos deste grau académico a
passarem pelo menos uma temporada no estrangeiro. Seguem-se os mestrados
integrados (15,1%) e as licenciaturas (6,9%).
Mais diplomados no último ano
As universidades e politécnicos
formaram no ano lectivo passado mais 1500 pessoas do que no ano anterior. Este
crescimento no total de estudantes que concluíram os respectivos cursos
superiores verificou-se apenas no sector público, mostram os dados preliminares
do RAIDES relativos a 2014/15, uma vez que os privados registaram uma quebra.
Segundo as estatísticas da DGEEC
foram emitidos 94.537 diplomas no ensino superior no último ano lectivo, o que
representa um aumento de 1,6%. Este crescimento foi conseguido à custa do
sector público, onde o número de diplomados sofreu um aumento de 2%. Já entre
as instituições privadas, que atribuíram 17% (16.098) dos cursos no ano
passado, houve um decréscimo de 2%.
As áreas com maior número de
alunos formados não sofreram alterações. Desde 2005/06 que as preferências dos
alunos se concentram em três sectores, que somam mais de dois terços do total
de graduados. Assim, 28.844 pessoas (30,5%) tiraram um curso na área de
Ciências Sociais, Comércio e Direito, seguindo-se a Engenharia, Indústrias
Transformadoras e Construção (17.564 diplomados, correspondendo a 18,6% do
total) e Saúde e Proteção Social, com 16.140 formados (17,1%).
À semelhança do ano letivo
anterior, a área de Agricultura registou o maior aumento no número de diplomas:
13,1% (de 1834 para 2074 diplomas). Em sentido contrário, a Educação manteve a
tendência de 2013/14 apresentando o maior decréscimo no número de formados:
menos 2,8% (de 7357 para 7150).
In Público.
Samuel Silva. 26 Agosto 2016.
Marcadores: Aprende Mais; Explicações; Ensino Superior
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
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