Do secundário ao superior, porque vale a pena estudar?
O acesso ao ensino superior aumentou nas últimas décadas. Mas o nível de qualificação médio entre os adultos dos países da OCDE continua a ser o secundário. Não chega, mostram vários estudos. A crise económica está a dificultar o emprego para os menos qualificados.
Mais de 23 milhões de alunos dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e do G20 entravam para a universidade pela primeira vez em 2013. As ciências sociais, economia e direito mantêm-se entre as áreas mais procuradas. A educação continua a ser a melhor arma para combater o desemprego, mostram vários relatórios publicados nos últimos anos por aquela organização internacional.
“Os alunos esperam não só obter um diploma, mas também as competências necessárias para desempenhar uma profissão”, lê-se no relatório “Como os estudantes universitários estão a mudar?” publicado pela OCDE. Em Portugal, 48 mil alunos são, este ano, candidatos a um curso superior. As suas expectativas serão, se não iguais, bastante parecidas às dos colegas espalhados por todo o mundo.
Entre 1995 e 2011, as taxas de entrada na universidade subiram em 20% nos países da OCDE, de 39% para 60%, graças ao aumento do número de alunos a quererem seguir os estudos. Mas também devido a mudanças a nível do sistema educativo, como a implementação do processo de Bolonha.
Ao mesmo tempo, novos cursos foram criados para ir ao encontro das novas profissões. Os candidatos ao ensino superior incluem agora mais alunos internacionais e alunos mais velhos, o que contribuiu para o aumento das taxas de entrada.
Por norma, os alunos entram na universidade logo após completarem o 12.º ano e continua a ser assim na maioria dos países da OCDE. Na Bélgica, Japão e Indonésia, os caloiros têm, em média, 19 anos ou menos.
Alguns fatores, como a idade com que os alunos terminam o secundário, as vagas disponíveis nas instituições de ensino superior e o custo/oportunidade de trabalhar antes de ir para a universidade podem retardar a idade de entrada. Na Islândia, Nova Zelândia e Suécia é de 25 anos.
No entanto, 22 anos é a média de idades de entrada na universidade dos alunos da OCDE e dos países do G20. Quando acabarem os cursos terão passado mais de quatro anos a estudar a tempo inteiro.
A rápida expansão do ensino superior nas economias em rápido crescimento do G20 causou mudanças no panorama global do acesso. Hoje, a China tem a maior percentagem de novas entradas, seguida da Índia e dos Estados Unidos da Améria. A nova geração de estudantes tem mais mobilidade.
O número de estudantes estrangeiros duplicou na última década. Hoje, espera-se que 4% dos novos estudantes deixem o país para estudar fora. Em 2011, 53% dos alunos estrangeiros espalhados por instituições de ensino de todo o mundo eram originários da Ásia, 23% da Europa, 12% de África, 6% da América Latina e Caraíbas, 3% da América do Norte, 1% da Oceânia.
Ciências sociais são mais populares
Em quase todos os países, as áreas de estudo mais procuradas são as das ciências sociais, economia e direito. Dados de 2011 mostravam ser estas as áreas que recebiam mais novos alunos em todos os países.
Com três exceções: na Finlândia e Coreia onde a engenharia, produção e construção eram as áreas escolhidos por um em cada quatro alunos; na Arábia Saudita, as humanidades, artes e educação recebiam mais alunos; e na Bélgica, onde a maioria prosseguia estudos em saúde e cuidados de bem-estar.
Menos populares são as áreas relacionadas com as ciências, onde se incluem os cursos de física, matemática e computação, mas também de engenharia, produção e construção. Em média só um quarto de todos os alunos prefere estas áreas.
Assim, o último levantamento feito pela OCDE mostra que em 2011 a distribuição dos novos alunos pelas diferentes áreas era a seguinte: 32% dos estudantes escolhiam as ciências sociais, economia e direito; 20% as humanidades, artes e educação; 15% engenharia, produção e construção; 14% saúde e cuidados de bem-estar; 10% ciências; 6% serviços e 2% agricultura.
Meta: acabar o 12.º ano
Completar o ensino secundário diminui o risco de desemprego em todos os países da OCDE. Em 2013, 84% dos adultos entre os 25 e os 34 anos tinham o ensino secundário, fazendo deste o nível mínimo para entrar com sucesso no mercado de trabalho. Uma percentagem elevada entre os jovens face aos 67% de adultos entre os 55 e os 64 anos de idade que apresentam o mesmo grau de qualificação.
De modo geral, o ensino secundário é a qualificação máxima de 40% dos adultos entre os 24 e os 64 anos dos países da OCDE. Ultrapassam os 50% a Áustria, a República Checa, a Hungria, a Polónia, a Eslovénia e a República Eslovaca, cai abaixo dos 30% na Argentina, Canadá, China, Colômbia, Islândia, Indonésia, Irlanda, México, Nova Zelândia, Portugal, Espanha e Turquia.
Em grande parte dos países que participaram na última Pesquisa sobre Competências de Adultos, uma larga percentagem de jovens que não acabou o ensino secundário mostrou ter competências de literacia e de matemática mais baixas do que quem completou.
Em média, 27% dos jovens entre os 16 e os 29 anos que desistiram da escola antes de acabar o secundário mostram poucos conhecimentos de matemática (nível 1 ou abaixo, segundo a escala de 1 a 5 do PISA) por comparação a apenas 13% entre os graduados desse nível de ensino.
Há uma diferença superior a 19 pontos percentuais entre os alunos que desistiram ou completaram o secundário em países como a Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. Nestes dois últimos, mais de metade dos jovens que não frequentaram o ensino secundário têm competências baixas para lidar com os números.
Quem termina o 12.º ano corre menos risco de ficar desempregado. A taxa de desemprego entre os 15 e os 29 anos com o ensino secundário ou uma formação pós-secundária não superior é de 16,5%, 13 pontos percentuais mais baixa do que a registada entre os que não atingem a mesma escolaridade: 29,5% estão desempregados.
Na Austrália, República Checa, Alemanha, Luxemburgo e Suíça as taxas de desemprego entre os jovens dos 15 aos 29 anos com o ensino secundário ou formação pós-secundária são menores cerca de um terço do que as taxas de desemprego entre os jovens que não têm este nível de escolaridade. Mas o relatório da OCDE “Quais são as vantagens de ter o ensino secundário?”, que mostra estes dados ressalta que em todos estes países têm bem desenvolvidas a educação e a formação profissional, programas que reforçam a empregabilidade dos jovens.
Globalmente, entre as pessoas com o ensino secundário, 8,6% das que prosseguiram a via de formação profissional estão desempregadas, em comparação com 9,5% das que seguiram a geral.
Por comparação, uma qualificação de nível superior tem um impacto menor sobre a taxa de desemprego entre os jovens adultos. Em média, ter um curso superior reduz as taxas de desemprego entre os jovens na faixa dos 15 aos 29 anos fora do sistema educacional em cinco pontos percentuais, de 16,5% para 11,3%.
Em alguns países, como a Áustria, as taxas de desemprego entre os licenciados e aqueles com ensino secundário ou pós-secundário não superior são quase iguais: 5,7% em comparação com 6,1%. A diferença é mais de 22 pontos percentuais entre os adultos com menos escolaridade que o ensino secundário e os adultos com o ensino secundário ou superior.
in Educare. 12 Agosto 2016.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2016
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